segunda-feira, 28 de outubro de 2013
Para me conquistar...
Para me conquistar basta dizer tudo aquilo que nunca ouvi de ninguém
Vestir como homem, e me tocar sem medo, sem segredo, entrar e sair da rotina sem que eu note
Me levar para lugares exóticos e lugares comuns
Saber ficar em silêncio e assim dizer tudo
Gostar de rock como eu gosto e de coisas que não gosto
Compreender a vida como é, e buscar do outro lado.
Saber a hora exata de ficar e ir embora,mas não vá!
Marta Medeiros
segunda-feira, 21 de outubro de 2013
A demora
O amor nos condena
Demoras
Mesmo quando chegas antes.
Porque não é no tempo que eu te espero.
Espero-te antes de haver vida
E és tu quem faz nascer os dias.
Quando chegas já não sou se não saudade
E as flores tombam-me dos braços
Para dar cor ao chão em que te ergues.
Perdido lugar em que te aguardo,
Só me resta água no lábio
Para aplacar a tua sede
Envelhecida a palavra
Tomo a lua por minha boca
E a noite, já sem voz se vai despindo em ti
O teu vestido tomba e é uma nuvem.
O teu corpo se deita no meu,
Um rio se vai aguando até o mar.
Mia Colto
segunda-feira, 14 de outubro de 2013
Ser mulher
Ser mulher, vir à luz trazendo a alma talhada
Para os gozos da vida;
A liberdade e o amor.
Tentar da glória a etérea e altiva escalada,
Na eterna aspiração de um sonho superior...
Ser mulher, desejar outra alma pura e alada
Para poder com ela o infinito transpor;
Sentir a vida triste, insípida, isolada,
Buscar um companheiro e encontrar um senhor...
Ser mulher, calcular todo infinito
Curto para a larga expansão
Do desejado surto, no ascenso espiritual
Aos perfeitos ideais...
Ser mulher, e, oh! Atroz,
Tentática tristeza !!!
Ficar na vida qual uma águia inerte,
Presa nos grilhões dos preceitos sociais !!
Gilka Machado
domingo, 6 de outubro de 2013
Não sei quantas almas tenho
Não sei quantas almas tenho
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma
Quem vê só o que vê,
Quem sente não é quem é
Atento ao que sou, e vejo,
Torno-me eles e não eu
Cada meu sonho ou desejo
É o de que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, nobre e só,
Não sei sentir-me onde estou
Por isso alheio,vou lendo
Como páginas , meu ser;
O que segue não prevendo
O que passou a esquecer
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: Fui eu?
Deus sabe, porque o esqueceu.
Fernando Pessoa
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