Noite calma
No ar frio da noite calma
Boia à vontade a minha alma,
Quase sem querer viver
Sente os momentos correr,
Como uma folha no rio,
Sente contra si o frio
Das horas fluidas levando
Seu inerte corpo brando.
Mais do que isto? Para quê?
Tudo quanto o olhar vê
A mão toca, o ouvido escuta,
A consciência perscruta,
É inútil que se escutasse,
Que se visse ou se pensasse.
Entre as margens com arbustos
Luz e, na noite dos sustos,
Só o luar repousado,
Ao correr vago e amparado
Do rio deixado em livre
A alma passa, a alma vive.
Ninguém. Só eu e o segredo
Do luar e do arvoredo
Que das margens causa medo.
Nada. Só a hora inútil
Só o sacrifício fútil
De desejar sem querer
E sem razão esquecer.
Prolixa memória, toda.
Rio indo como uma roda,
Noite como um lago mudo,
E a incerteza de tudo.
Recosto-me, e a hora dorme.
Corre-me o que a noite enorme
Atribui à minha mágoa,
Como um ser múrmuro de água.
Ninguém; a noite e o luar.
Nada; nem saber pensar.
Raie o dia, ou morra eu
Volte no oriente do céu
O sol ou não volte mais,
Só sempre os tédios iguais
E as horas, calem o medo,
Como o rio entre o arvoredo,
De noturna consistência,
Com fluida, vaga insistência.
O mal é haver consciência.
Quase sem querer viver
Sente os momentos correr,
Como uma folha no rio,
Sente contra si o frio
Das horas fluidas levando
Seu inerte corpo brando.
Mais do que isto? Para quê?
Tudo quanto o olhar vê
A mão toca, o ouvido escuta,
A consciência perscruta,
É inútil que se escutasse,
Que se visse ou se pensasse.
Entre as margens com arbustos
Luz e, na noite dos sustos,
Só o luar repousado,
Ao correr vago e amparado
Do rio deixado em livre
A alma passa, a alma vive.
Ninguém. Só eu e o segredo
Do luar e do arvoredo
Que das margens causa medo.
Nada. Só a hora inútil
Só o sacrifício fútil
De desejar sem querer
E sem razão esquecer.
Prolixa memória, toda.
Rio indo como uma roda,
Noite como um lago mudo,
E a incerteza de tudo.
Recosto-me, e a hora dorme.
Corre-me o que a noite enorme
Atribui à minha mágoa,
Como um ser múrmuro de água.
Ninguém; a noite e o luar.
Nada; nem saber pensar.
Raie o dia, ou morra eu
Volte no oriente do céu
O sol ou não volte mais,
Só sempre os tédios iguais
E as horas, calem o medo,
Como o rio entre o arvoredo,
De noturna consistência,
Com fluida, vaga insistência.
O mal é haver consciência.
Bernardo Soares
Linda poesia, linda lua, linda noite! bjs, ótimo dia,chica
ResponderExcluirFernando Pessoa é fantástico, Cidinha. Beijos!
ResponderExcluirSimplesmente fantástico
ResponderExcluirDeixo comprimentos
Querendo...visitem
http://pensamentosedevaneiosdoaguialivre.blogspot.pt/
Que seu dia seja maravilhoso.
ResponderExcluirbjokas =)
Belíssimo poema, acompanhado de belíssima foto.
ResponderExcluirMelancolicamente lindo, Cidinha.
ResponderExcluirBeijos, saúde e muita paz!
Minha querida
ResponderExcluirMais uma bela escolha. Pessoa é único e eu adoro.
Um beijinho com carinho
Sonhadora
Eu não conhecia este texto, Cidinha... mas é fantástico! Obrigado, amiga; boa semana.
ResponderExcluirOI CIDINHA
ResponderExcluirQue poeisa linda. Deus te entrega as sementes gratuitamente, mas o plantio é por sua conta. A colheita é conforme o tempo que dedicas à plantação, então não culpe a vida se o resultado não tem sido o esperado...
Prepara teu caminho, valorize tuas sementes, ame dia após dia e os bons frutos virão como consequência.
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Um bj
fica com Deus
Ana